sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Te Juro!!! ( para ler ouvindo Damien Rice )


Então eu te pergunto, como foi que chagamos aqui? Você com sua memória forte, capaz de guardar os menores detalhes, você que sempre usou dessa arma fatal para me por contra parede, sempre me cobrando datas comemorativas, pequenas situações que vivemos em determinado lugar, horários. Você lembra do dia do MSN? Logo que nos conhecemos, te chamei para sair às 2:00 da manhã, você no começou achou loucura, mas acabou topando, acho que foi ai que me apaixonei, quando você disse sim para algo que eu esperava um não, foi ai que me apaixonei de verdade, porque encantado eu estava desde o dia que te conheci. Marcamos de nos encontrar perto do seu apartamento, na frente do antigo Lino's Bar, como eu morava mais longe, sai mais cedo, te juro que estava morrendo de alegria, parecia uma criança que tinha acabado de ganhar o presente que tanto sonhara, vesti uma calça, coloquei minha única camiseta limpa e não amassada, aquela branca do Death Cab For Cutie, que algum tempo depois você se apossou, por cima um moleton de lã cheirando a guardado e logo após meu terno preto. Cheguei no ponto de encontro alguns minutos adiantados, aquele tempo que fiquei ali te esperando foram os mais demorados de toda minha vida, era algo interminável, se tivesse levado meus cigarros teria fumado todos, um após o outro, ficava pensando sobre tudo, a roupa que você viria, sobre o que conversaríamos, se eu deveria falar mais do que ouvir ou vice versa, enfim, minha mente incansável só parou de trabalhar quando avistei você dobrando a esquina, encolhida de frio dando passos rápidos, na hora comecei a conferir a roupa que você estava, mania que você também tem, reparei que estava com um moleton preto desses que temos a anos, calça de ficar em casa aquelas totalmente mendigas mas as mais confortáveis, chinelo que não me lembro a cor e seus óculos de grau, que você mais tarde revelou que odiava usar, você estava completamente simples, como você mesmo sempre se auto denominava, estava largada, e isso me cativou demasiadamente, ver essa sua simplicidade nos momentos onde a futilidade é descartável, você era tão humana, tão meiga, tão amável, quando você chegou perto e me cumprimentou com um aceno de mão, mão que estava quase que inteira para dentro da manga da blusa, senti no meu estômago as famosas borboletas, minha barriga gelou, minha voz travou, fiquei completamente atônito, não sabia o que fazer mesmo, só sabia de uma coisa, que era com você que eu queria ficar aquele momento. Chegando no supermercado você foi logo puxando um daqueles carrinhos pequenos, primeiro o corredor de bolachas, depois pegou uma barra de chocolate e eu peguei a coca-cola, passamos no caixa de uma conhecida sua e você ficou alguns minutos conversando com ela sobre épocas onde eu nem imagina fazer parte da sua vida, peguei as sacolas e fomos comer nossas besteiras no banco da praça mais próxima, parecíamos duas crianças comendo chocolates, cheeps o seu de doritos e o meu baconzitos, e uma coca-cola ao lado. Ficamos ali horas e horas conversando, parecia que o assunto nunca iria acabar, começos com coisas em comum como Death Cab For Cutie e Filosofia, depois coisas do cotidiano de cada um, depois historias dos nossos últimos romances, era tanto assunto que o meu maxilar chegou a doer. Ficamos ali até amanhecer, eu todo preocupado perguntando se você queria ir embora, e você sempre respondendo que não, de maneira alguma, que estava gostando de tudo aquilo. Toda magica desse dia terminou com você encostada em mim quietinha e eu ali observando você com cara de sono, e o sol nascendo por trás das árvores, alguns caras indo embora depois da balada, algumas pessoas saindo para trabalho, e nós dois ali quietos, observando o ir e vir, depois de uma noite uma madrugada perfeita, foi nesse dia que eu vi que estava em suas mãos mesmo. No começo eu não sabia como agir, você era diferente de todas, era perfeita para mim, cada palavra, cada pensamento, a maneira como você se expressava, seu jeito todo fofo para certas coisas, e tão mulher decidida em outras, eu prestava atenção em tudo isso, te juro! Logo na primeira semana que começamos a sair para valer, lembro de uma conversa nossa, que se não me falha a memoria foi ali na Rui Barbosa, você disse que queria ir jogar comida para os pombos, e ali era cheio de pombos, e por ser sábado a tarde pouca gente passava por ali, fazendo com que os pombos ficassem mais tranquilos no chão, fui até o pipoqueiro que ficava ao lado do tubo e comprei dois saquinhos de pipoca, comi o meu assistindo você jogar o seu completamente inteiro para os pombos que naquele momento nos rodavam, juro que aquele momento ali foi de tamanho impacto para mim que não sei explicar, me senti naqueles filmes água com áçucar, te juro! Então você começou a falar, disse que eu estava se tornando muito especial para você, que se sentia segura e confortável comigo, e que eu estava sendo o primeiro cara que estava demonstrando interesse por você, ou pelo menos estava fingindo bem, juro que essa sua piadinha com verdade de fundo foi outro ponto que fez minha paixão aumentar, você ali sendo honesta comigo, demonstrando seus sentimentos e seu controle sobre eles, e se eu fosse um desses caras que não valoriza isso? Se fosse um desses caras que não está interessado em mente mais sim em carne? Mas de alguma maneira eu sei que você tinha certeza das minhas intenções, e de certa maneira você teve as rédeas da situação desde o começo, você sempre foi o lado forte da relação. Nesse dia, após toda sua franqueza, todas as cartas jogadas na mesa, depois do seu discurso a lá Simone de Beauvoir , depois de você ficar falando por mais de meia hora que tinha defeitos, que era ciumenta, que era burrenta, que era chorona, se desculpando por coisas que nem tinham acontecido, aquilo foi muito intenso dentro de mim, foi uma sensação de descoberta, de esperança, após ter desistido de procurar, você apareceu da maneira que eu sempre sonhei. Nas primeiras semanas ocorreu tudo perfeito, cada detalhe, aconteceu tudo certo, e o que não deu certo acabou numa das melhores noites, você lembra? Fiquei de te buscar na saída da faculdade às 22:30 hrs, depois passarmos no seu apartamento onde você iria se aprontar para irmos ao teatro para vermos a peça Os Malefícios do Tabaco, de Tchechov, eu nunca fui fã de teatro, mas você adorava demais. Lembro de chegarmos no seu apartamento, que ficava na rua acima da praça Osório, caminho que fiz muito aquela época, e você perceber que tinha perdido os ingressos que estavam na sua bolsa, você ficou muito puta da cara, me assustei pela primeira vez, você irritada falando palavras pesadas, ficou vermelha e com uma cara de total reprovação, como se tivesse feito todo um plano para aquela noite e tudo tivesse dado errado, sentou toda decepcionada no sofá, ai então te abracei dizendo calma, vamos fazer outra coisa, o importante é estarmos juntos, e naquele momento eu te juro, para mim era isso mesmo! Você concordou, foi tomar seu banho e eu fiquei ali na sala olhando suas coisas amontoadas na pequena estante, fotos com seus amigos, alguns eu já havia conhecido outros nunca tinha visto, seus cd's todos organizados, avistei três Belle and Sebastian, Ok Computer do Radiohead, todos do Coldplay e um Travis. Você tem ideia do impacto que isso fez em mim? Tinha livros, a maioria velhos com cara de sebo, sempre te achei com cara daquelas garotas que vivem em sebos, procurando livros e vinis, mesmo sem comprar nenhum, mas só pelo fato de toca-los, admira-los, senti-los. Não resisti e me desloquei até a varanda para acender um cigarro, ali em pé olhando pela janela um pedaço da noite curitibana, o clima frio e o céu sem nuvens, o ar gostoso que batia naquela hora da noite, fecho os olhos hoje e lembro daquela imagem. Você saiu do quarto, com uma blusa linda, listrada preta e branca, uma bolsa preta discreta e um rostinho mais animado, chegou brigando e me dando ordens, foi logo dizendo que não era contra eu fumar, desde que evitasse fumar ali dentro, meses depois conquistei um cinzeiro na sua sala, foi uma vitória que comemoro até hoje! Saímos pela noite curitibana sem destino, aquela sensação de noite frustrada estava se aproximando, quando você teve a ideia, que a começo parecia boba, de irmos a todos os lugares que achávamos mais bonitos na cidade, uma escolha de cada. Você começou escolhendo o prédio da UFPR no alto da XV de Novembro, começamos a andar em direção à XV, encontramos alguns bêbados, prostitutas horríveis, das quais fiz uma piada para tentar arrancar um sorriso seu, adorava arrancar seus sorrisos, eles eram como um elixir para mim, renovavam minhas energias completamente, por isso fazia o máximo de piadas com a intenção de vê-lo mais uma vez. Chegamos ao prédio da UFPR, você ficou em pé contemplando o prédio, um olhar muito distante, a curiosidade bateu na minha cabeça, te juro que fiquei curioso no que você estava pensando mas não perguntei nada. Então você me puxou pelo cachecol, adorei aquilo, e fomos sentar na escadaria semi iluminada, ali na escada fiquei horas ouvindo você falar do seu dia, das explicações dos seus professores, o que comeu no intervalo, essas coisas que casais recem formados fazem, usei o termo casal sim, nesse dia já éramos um casal. Depois fomos até o Muller, Museu do Olho, e praça do Japão, isso já estava quase amanhecendo, eu cansado e você puxando minha orelha por eu fumar. outro momento marcante para mim, quando você começou a se preocupar comigo, com coisas que eu fazia, as vezes elogiando e na maioria das vezes punindo. Se lembra bem desses dias, dessas emoções, da intensidade como tudo ocorreu? Sinto por tudo ter acabado, sabíamos que iria acabar, éramos românticos e perfeitos demais um para o outro, era algo surreal demais para existir, como eu sempre brincava com você. A separação foi difícil para os dois, lembro das recaídas, dos telefonemas na madrugada, dos emails, dos scraps com carinhas ou frases curtas com certo ar de saudade, lembro de tudo! Mas fomos fortes e seguimos em frente, ainda não sei como chegamos aqui, te juro! Por isso venho te perguntar, como chegamos aqui? Já aceitei o fato de não ter você para mim, depois de ter sofrido muito, sofrer por amor é tão poético, tão romântico, sofrer por amor verdadeiro, admirável, adulto, amor intenso, indiferente se é de pouco tempo ou não, é tão bom sofrer por esse tipo de amor, não concorda?. Tudo mudou, nossas vidas, as pessoas que nos rodeiam, você está super bem, mais linda que nunca, eu também não estou nas minhas piores fases, mas sempre bate a nostalgia, as lembranças voltam, e vejo que como você foi marcante na minha vida, e serei presunçoso a dizer isso, mas creio que você sente o mesmo por mim. Vou me despedir por aqui, já lembrei demais por hoje, enfim, se souber a resposta da minha pergunta um dia me responda, ficarei feliz em saber, mesmo sabendo que hoje não fará diferença alguma saber ou não, visto que tudo acabou e a página viramos. Mas não minto, ainda tenho todas as coisas que você me deu, bem guardadas.

2 comentários:

Maurieli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maurieli disse...

Sempre Leio

;)*