quarta-feira, 1 de maio de 2013

Suck it and See

Existe um atraso mental e até considerado retrógado, onde o homem à séculos tenta impor vontades pessoais, particulares e genéticas mascarando-as com a forma mais bela de algo chamado por ele de dogmas, religiões e políticas. Considero isso algo tão baixo e ridículo a ponto de pensar que é inocência, inocência que para mim em uma escala de sentimentos tem um grau mais baixo do que a famosa “malandragem” ou egoísmo, prefiro acreditar que seja assim. Quando esse ser pensante e dominante das ciências e criações do mundo descobrir, ou indo contra aquilo que prefiro acreditar, assumir que dogmas e conceitos múltiplos não existem, ou seja, quando assumir toda sua animalidade e toda a força exercida por ela sobre o que ele chama de conceito e vida, e admitir que cada ato seu é em prol de si mesmo primeiramente, e em seguida da existência da sua espécie e do interesse do grupo, seita, religião, movimento ao qual ele participa ou é simpatizante, tal ser irá perceber que a luta é a real força que alimenta a existência do mesmo até os dias atuais. Defender seus valores, suas crenças e seus direitos é fácil, defender e aceitar em um mundo onde todos supostamente deveriam ter os mesmos direitos e deveres, extinguir o preconceito, não só na pratica como no pensamento também, ou seja, quando todos andarem pelas ruas sem se preocupar com diferenças ou injustiças, sem julgar ou serem julgados, quando descobrirem o real significado da palavra PAZ, nesse dia cagarei no meio da rua feliz da vida, como sei que isso é utópico e contra todas as provas empíricas da natureza humana minha merda continuará se acumulando dentro do meu estomago até ser defecada de maneira nobre em algum sanitário do mundo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Manhã

Ao acordar não sabia mais que dia era, ano ou mês, deixou de perceber essas mudanças triviais aceitas pela colméia como maneira de controle de tempo e espaço, contava seu tempo e espaço pelo sono raro. Para os dias que conseguia dormir com a ajuda do alcool tinha ali uma vitoria particular, sabia que o sono e cansaço tinham vencido a ideia de abandono fisico da realidade, pois o abandono consciente já era presente há tempos, assim como as estrelas são presentes para a noite e os pássaros para as manhãs. Sua caverna tinha o cheiro do mofo e da falta de ventilação, quem precisa de ar fresco? Quem precisa de luz do sol entrando pelas janelas? Quem tem necessidade quase que paranóica pelo aroma trazido pelo vento das plantas que estão lá fora? Preferia o cheiro abafado mesclando sutilmente suor, cigarro, o cheiro que vinha das latas vazias de bebida, da sujeira intrusa que vinha em seus sapatos das raras vezes que resolvia sair e ver as engrenagens rodando caoticamente equilibradas. Pegou mais um cigarro da carteira levemente amassa no meio, puxou e acendeu com seu isqueiro pequeno e vermelho quase em tempos de ser substituído, interessante saber que somos como isqueiros ou copos, pratos, tapetes, temos um tempo de utilidade para todas as coisas que fazemos e quando esse tempo espira rapidamente somos substituídos por algo mais novo, mais atual, mais encantador. Ao entrar na cozinha logo percebeu que não poderia adiar a limpeza da sua pia, os copos e talheres limpos já não existiam, tudo estava sujo com pedaços de massas ainda cobertos com a cor avermelhada do molho de tomate, abriu a geladeira e uma luz forte partiu de dentro dela iluminando o quase vazio, alguns recipientes coloriam minimalisticamente o interior gelado. Pegou uma garrafa de água para saciar a sede presenteada pela ressaca, a manhã após uma ressaca sempre foi subestimada, sempre lembramos de noites épicas ao embalo do álcool, ou no meu caso de como o álcool espantou a solidão permitindo-me um falso instante de alegria na minha própria companhia, mas nunca lembramos daquelas manhãs quando acordamos com o corpo dolorido, boca seca, dores e mais dores de cabeça, nunca lembramos da fragilidade do corpo e do ato singular de tomar conta de si mesmo em casos assim. Manhãs sempre são bonitas, temos os pássaros, o sol nascendo e pela janela podemos ver a colméia iniciando seu dia de trabalho, podemos ver as maquinas sendo ligadas para mais um dia, a certeza é que cada um na noite anterior teve sua dose de algo entorpecente, do contrario não teriam forças para agüentar mais um dia, sabemos que um por um todos usamos algo para evitar o ato de desconectar-se definitivamente, cada qual com sua fonte de energia e sua fuga espírito/corporal, acordamos para manter o equilíbrio do cosmo, fecha a garrafa d’água e volta a se deitar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Olá

Abro os olhos e vejo sombras, sombras que se disfarçam para manter a colméia viva e habitável, todos os dias sinto o toque da demência batendo na minha porta, ou seria a realidade quem bate? Instantaneamente aquele surto de loucura se transforma em algo que chega a ter o gosto de real, sincero, honesto, será que somos abelhas preparando o mel ou vespas esperando para picar? O canibalismo social agora é a nova lei, meu café da manhã é composto por leite, pão e violência na TV, seria esse o estado natural do homem? Devo me sentir feliz ou triste por saber que cada dia caçamos e caçamos aqueles que fazem parte da mesma espécie? O amor que sentimos pelos nossos objetos, sejam eles inanimados ou seres vivos, seria amor se tais objetos estivessem nas mãos do meu próximo? E o sorriso, a você meu belo sorriso! Como pode esconder tanta coisa? Como pode aparecer na punição e no prazer proveniente da dor e da miséria? E o alivio? Como pode nascer tão colorido e vivo da tristeza daqueles que respiram o mesmo ar? Roupas caras e demasiada estética são o cartão de visita do futuro, já dizia isso aquele que nasceu no passado, todos clamam pelo belo, pela limpeza e pela pureza, mesmo sendo elas apenas mascaras usadas por doentes e monstros. Deito sobre meu vomito todos os dias para não esquecer que sou um verme, ejaculo na minha própria merda e assim sinto prazer? E os outros, quais suas formas de prazer? Roubar, matar, destruir, enganar, passar para trás? Isso é ser normal, e anormal seria essa idéia de paz e amor, o homem nasceu para guerrear, destruir, os fortes vencem os fracos sucumbem, o futuro repete o passado, neutralizamos toda mudança, somos uma eterna repetição daquilo que sempre existiu, comemos fezes e pagamos caro, desde que ninguém mais coma. Todos somos bons em estado de câncer terminal, todos somos bons na miséria, difícil é ser bom na luxuria e no prazer, difícil é pensar no próximo quando o prazer é meu, quando o prazer é tirar do próximo ou fazer ele assistir você se deliciar com aquilo que ele não tem. Um bolo de fezes se formou em seu estomago agora, quando for defecar tal emaranhado de merda em seu trono real, espero que olhe para ele e se sinta olhando no espelho, no espelho da alma, um composto de merda da pior qualidade, e pensamos que estamos no topo da cadeia alimentar, claro que estamos, somos os seres mais fortes por sermos assim e por termos a melhor das qualidades que o homem já inventou, a compaixão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O apartamento Parte 3


O clima da noite estava frio, tinham tratado de se encontrar na frente de um bar pirata com o nome de Perola Negra, Sebastian gostava daquele bar e principalmente da beleza exótica das atendentes dali, algo que não tinha mencionado a Kate quando sugeriu o local. Kate chegou mais cedo dessa vez, usava um vestido preto e um casaco por cima da mesma cor, estava vestida para matar, para destruir, para o prazer, para dar, estava linda como sempre, a cada novo encontro deles Sebastian conhecia uma nova Kate, desde a forma como se vestia a maneira de pensar.
- Agora eu peço desculpa pelo meu atraso.
- Tudo bem, vamos entrar, está frio aqui fora.
- Sim.
Kate jogou o toco do cigarro no chão e o apagou lentamente fazendo movimentos circulares apenas com a ponta do sapato, abriu sua bolsa e pegou a identidade, ele logo retirou a dele da carteira e ambos entregaram ao segurança que estava na porta. O bar era pequeno, tinha dois andares, uma parte superior com mesas de madeira e paredes decoradas com quadros e uma bandeira de pirata logo acima da escada que ligava os dois andares, na parte inferior apenas algumas cadeiras e o balcão. Dirigiram-se até a parte superior e escolheram uma mesa no canto próximo a janela, logo a garota que atende veio até eles.
- O que irão querer?
- Uma vodca com limão para mim – disse Kate.
- Eu quero uma cerveja – pediu Sebastian.
A atendente era sensual, pele branca, olhos claros e estava vestindo uma blusinha preta bem decotada e tinha os braços cobertos por tatuagens, Sebastian não disfarçou ao olhar o decote da garota, logo que ela saiu Kate fez um comentário.
- Pelo menos disfarce na minha frente- disse Kate -,pensei que ia pular nos peitos da menina.
- Não é nada disso que está pensando, acho que a reconheço de algum lugar.
- Deve ser de algum dos seus sonhos eróticos.
- Talvez seja.
Beberam algumas ali, Kate falou sobre seus estudos para ele, sobre a recente separação dos seus pais e como estava lidando com essa situação, reclamou que sua mãe tinha começado a ter crises nervosas e que ligava para ela todas as noites na maioria das vezes chorando.
- Não sei o que faço, sinto tanta pena da minha mãe, sou filha única e agora que eles se separaram a única companhia dela é a empregada durante o dia, pensei em trancar a faculdade e voltar a morar com ela pelo menos por enquanto.
- O que ela disse sobre isso?
- Foi contra claro, disse que tenho que priorizar minha vida, que ela está bem e tal, mas consigo perceber na voz dela o quanto ela precisa de mim, precisa de alguém.
Sebastian percebeu no olhar de Kate a tristeza que ele conhecera muito bem.
- Acho que ela está certa, você tem que seguir com sua vida, seus ideais, deixe que ela supere essa fase sozinha.
- E se ela não conseguir?
- Irá conseguir sim, todos conseguem sempre.
- Me acho tão egoísta saindo e me divertindo aqui enquanto ela fica em casa sozinha se enfiando em remédios enquanto o cachorro do meu pai fica gastando a grana dele com ninfetas vadias.
Agora Sebastian começava a perceber de onde vinha toda a coragem e independência de Kate, com toda certeza ela não queria ser como a mãe, uma mulher submissa ao marido, que engolia a seco toda a cafajestice do homem, que lavava as camisas sujas de batom e cheirando a perfume de outras mulheres, na maioria das vezes prostitutas baratas de bares fedorentos, não queria ser uma boa esposa como sua mãe foi, sua mãe teve a vida que ela temia ter, escrava, presa, sem personalidade alguma ou sonho, uma mulher de uma rola só a vida toda, mulher que tinha esquecido quando foi a ultima vez que tinha se sentido viva de verdade. Kate era mais que isso, era independente, livre de homens e de pessoas, egoísta no prazer, nasceu para ser bruxa e não princesa, nasceu para usar vestidos pretos e batons vermelhos ao invés de aventais de cozinha e bob nos cabelos. Kate era o que ele costumava chamar de Cherry Bomb.
O bar começou a esvaziar, todos começaram a se dirigir para as baladas, ali era apenas um bar de “esquenta”, logo ele perguntou a ela.
- E agora, me disse a tarde que queria algo mais leve, esse bar logo irá fechar.
- Sim, podemos dar uma caminhada, compramos algumas cervejas no caminho, dar um tempo no meu AP, moro aqui perto, da para ir a pé.
Sem pensar duas vezes ele aceitou o convite dela, queria conhecer o canto de Kate, o lugar que ela chamava de lar, as paredes que faziam parte de seu castelo. Kate se levantou e pegou sua bolsa enquanto Sebastian terminava o copo de cerveja, logo ao saírem ambos acenderam um cigarro e começaram a caminhar em direção a casa dela.
A noite estava movimentada, vários jovens andando para cima e para baixo gritando e bebendo, carros passando e vozes e mais vozes, o prazer é o combustível que move o mundo, pensou Sebastian. Na metade do caminho compraram cervejas em um mercado próximo a uma praça, duas quadras dali ficava o prédio onde ela morava, um prédio pequeno de três andares com arquitetura antiga, ao chegarem na frente ela logo foi retirando as chaves da bolsa enquanto ele segurava a sacola com as cervejas. Subiram às escadas, cada andar tinha apenas dois apartamentos, ela morava no segundo andar no apartamento da direita de numero 04, abriu a porta e o convidou para entrar. Era um apartamento pequeno, uma sala com uma estante , nela tinha uma TV, alguns livros misturados porta retratos, uma pequena estatueta de um gato, enfeites, também na sala tinha um sofá de couro preto de três lugares e uma mesinha no canto com duas cadeiras, sobre a mesinha cadernos e livros abertos, a parede era de pintada de laranja, um pouco gasta pelo tempo, tinha um quadro pendurado próximo a mesinha, era uma cena de um filme famoso, dois caras de terno e gravata apontando armas na mesma direção. Também tinha uma pequena cozinha, o banheiro e o seu quarto, o quarto estava com a porta entre aberta, e nela estava pendurada uma placa de warning.
- Sente-se, vou colocar uma musica, quer ouvir algo em especial?
- Você é a anfitriã, fica ao seu critério.
Kate entrou no quarto e algum tempo depois retornou sem o casaco e segurando um pequeno tocador de cd’s nas mãos.
- Normalmente o deixo no quarto, gosto de ouvir musica antes de dormir.
- Não escuta no computador como pessoas normais fazem?
- O meu é um notebook e é muito baixo, gravo cd’s de mp3 e ouço nesse aqui.
A primeira musica a tocar foi The Modern Age do Strokes, guitarras sujas e o vocal de bêbado do Casablanca animaram bastante o ambiente. Latas de cervejas vazias logo começaram a se amontoar próximo ao sofá ao mesmo tempo em que o animo da conversa crescia, risos e mais risos, olhares e flertes, até que um baseado apareceu, fumaram junto até a ponta ficar do tamanho de um mosquito, Kate deu a ultima bola e jogou a baga em uma lata vazia, no radio tocava beatles sem parar, o silencio foi tomando conta do ambiente logo que o efeito do baseado foi tomando conta de ambos os corpos. Kate olhou para Sebastian e ele reconheceu o pedido, em segundos seus corpos começaram a se entrelaçar, um beijo demorado e quente surgiu, Kate enfiou a língua dentro da boca de Sebastian enquanto ele deslizava suas mãos pelo corpo quente e liso dela, beijou seu pescoço e sentiu a excitação de Kate que soltava suspiros baixos, sentiu o corpo dela arrepiar inteiramente, quanto mais ele via que ela se excitava mais ele a atacava, agarrava ela como um animal selvagem enquanto ela o apertava contra seu corpo, Sebastian foi logo abaixando o vestido de Kate e tocando seus seios brancos, que estavam durinhos de tezão, começou a chupa-los e a cada mordida leve que ele dava neles Kate soltava gemidos cada vez mais fortes, colocou sua mão entre as pernas dela e foi subindo e sentindo a maciez de suas coxas até chegar em sua vagina, que estava completamente úmida, esperando para ser chupada, para ser penetrada a noite toda. Fizeram sexo como nunca, Kate se entregou completamente ao desejo, ao prazer, treparam até a energia de ambos ser completamente esgotada.
Ficaram ali abraçados sem falar nada um bom tempo, musica por musica ia passando, um cigarro foi aceso e Kate quebrou a magia do silencio.
- Deve estar pensando que sou uma puta, te conheci ontem e hoje estou aqui dando para você.
- Na verdade estou pensando em como irei embora daqui a pouco.
- Seu idiota, estou falando sério.
- Eu também.
- Gosto dessas suas tiradas, quando falo algo sério e você vem com algo assim, sem nexo ou completamente imbecil.
- Sou assim, sem nexo e às vezes imbecil, e não acho que você seja uma puta.
- Que bom, porque não sou.
- Não devemos reprimir algo que temos vontade de fazer, se temos a oportunidade devemos fazer, penso assim.
- Mas muitas vezes queremos fazer algo e fazemos, mas depois nos arrependemos, ou é algo que achamos errado fazer e fica um peso na consciência, sei lá.
- Sabe o conceito de moral? Querer, poder e dever?
- Não.
- Tem coisas que queremos fazer mas não podemos, outras podemos mas não devemos e algumas que devemos mas não queremos, o correto é fazer as coisas que você pode, deve e quer. Fazendo isso com toda certeza você será feliz.
- Muitas decisões nossas podem acabar em algo egoísta, podemos ferir alguém, ou até mesmo usar pessoas.
- Ai vai dos teus valores, não acho correto usar alguém ou ferir pessoas para meu próprio prazer e beneficio, mas não nego que não sinta muita vontade de fazer em certas ocasiões, e que não ficaria feliz em ver algumas pessoas mal só por sadismo meu. Vai de você se controlar, se policiar.
- Você me assusta às vezes Sebastian, com esses comentários frios.
- É apenas ponto de vista.
- Gostei de você, me dói saber que provavelmente você irá embora e nunca mais nos veremos.
Sebastian ficou quieto e sem resposta, Kate esperou um tempo e quebrou mais uma vez o silencio.
- Dorme aqui hoje.
- Durmo.
- Então vamos para o quarto.
Foram dormir no quarto de Kate, mas antes transaram mais uma vez. Kate deitou no peito dele e adormeceu primeiro. Sebastian fumava enquanto admirava a beleza do corpo nu de Kate que estava colado ao seu.

sábado, 16 de julho de 2011

O encontro no largo Parte II


- Meu nome é Kate, e o seu?
- O meu nome é Sebastian.
- Ok Sebastian vou entrar.
Logo após Kate entrar ele ficou ali fora parado pensativo, sabia que algo tinha acontecido, não sabia o que era ainda, mas foi algo bom, ele sentiu aquela sensação de paz e de conforto, a mesma sensação que você tem quando sai do trabalho após um dia repleto de estress e finalmente chega em casa, então resolveu fumar mais um cigarro e mudar o foco dos seus pensamentos. Ao entrar logo reconheceu a musica que estava tocando, ele se sentia bem com isso naquele bar, poder reconhecer as musicas as mesmas que muitas vezes já embalaram algumas de suas noites solitárias em casa. Sem perder tempo foi logo procurando por Kate, que não era difícil de ser reconhecida, morena da pele bem clara, cabelos escuros na altura dos ombros e bem lisos, usava uma maquiagem leve e o belo detalhe dos óculos, estava usando uma saia mais ou menos até a altura dos joelhos e uma meia calça preta por baixo, na parte de cima usava uma blusinha e uma jaqueta jeans por cima, estava extremamente linda. Ao descer as escadas da entrada, o lado oposto do caminho que fizera no inicio, entrou no corredor que era decorado com mais desenhos psicodélicos, algo que misturava letras e paisagens de filmes antigos que foram readaptados a pouco tempo por algum diretor superestimado que ele não lembrava o nome, mais pessoas caçando, rindo se divertindo, observou mais mulheres interessantes e até trocou olhares com algumas delas, coisa rápida que é sempre bem vinda. Ao entrar na pista de dança logo viu Kate e suas amigas dançando completamente hipnotizadas pelas luzes e pela musica, tranasmission faz isso com as pessoas, o som grave do baixo e a voz agonizante do Ian Curtis misturados ao álcool, que naquele momento deveria estar transitando em grande quantidade em seus corpos. Ficou de longe assistindo, coisa que Sebastian sabe fazer muito bem, até o momento que Kate o viu e veio em sua direção com certo sorriso misterioso, algo perdido entre interesse e mistério.
- Sebastian vai dançar ou ficar ai a noite toda me secando?
- Não estou te secando, só estava observando você com carinho.
- Ahhahah, Entendo, entendo.
- Na verdade estou indo embora, mas antes tinha que me despedir de você e não queria atrapalha-la ali com suas amigas.
- Mas é cedo ainda, porque já vai?
- Não sei, cansado e um pouco atordoado.
- Entendo, vai ficar aqui até que dia?
- Ficarei mais dois dias e então volto embora.
- Eu sei que você está louco para me chamar para sair amanhã e que se depender de você vai enrolar um bom tempo, então para adiantar as coisas marque meu telefone e vamos fazer algo amanhã a tarde, quero ouvir você reclamar mais um pouco sobre tudo e todos.
- Presunçosa, mas vamos sair sim.
Sebastian ficou estupefato com a atitude de Kate, percebeu que ela tinha se interessado por ele, não sabia o porquê, pois tinham acabado de ter um dialogo um tanto quanto pesado e discordavam de todas as coisas, mas algo tinha brilhado ali entre eles. No outro dia logo após acordar ele ligou para Kate.
- Oi
- Oi
- Te acordei?
- Não, já estava acordada, quando abuso da bebida não consigo ter um sono bom, e ontem em especial cheguei em casa e fiquei viajando com algumas coisas, sabe quando você tenta dormir mas fica pensando e pensando, vira de um lado para o outro, coloca a mão embaixo do travesseiro, tira, e nada de sono?
- Sei sim, no que você ficou pensando? Em mim?
- Hahuauhahuh Nunca saberá.
- Então, pensei em irmos ali ao largo agora a tarde tomar algo, gosto daqueles bares com mesas de madeira que ficam para fora.
- Pode ser sim, vou me aprontar e logo apareço lá, você está onde?
- Em um hotel aqui próximo mesmo, quando estiver chegando me ligue.
- Ok, te dou um toque então.
- Beijo
- Beijo
Sebastian desligou o celular e foi tomar um banho, banho daqueles demorados e pensativos, lembrou de coisas, de situações e principalmente, lembrou de Kate.
Ele chegou primeiro, estava um dia bonito, sol e bem frio, ele estava bem arrumado e ela apareceu à altura, vestia um casaco de um tom verde bem escuro, quase preto, jeans por baixo e um cachecol branco enrolado em seu pescoço.
- Olá
- Olá
- Demorei?
- Nada alarmante, algo normal das mulheres.
- Não sou uma mulher normal.
- Percebi isso já.
- Você acha que percebe muitas coisas.
- Eu tento, às vezes acerto, outras não, assim vou tocando.
Kate acendeu um cigarro e olhou em direção as pombas que naquele momento estavam sentadas sobre um bebedouro que tem ali próximo.
- Gosto desse lugar, bonito, antigo, quantas pessoas já não passaram por aqui.
-Quantas estão passando agora, cada uma carregando sua historia, seus amores, suas dores, paixões e medos, aqui é um lugar onde as emoções se misturam porem cada uma em um universo singular.
- Exato, e cada qual consigo mesmo, pensando e vivendo, muitas vezes pensando demais e vivendo de menos, seu caso, outras vezes pensando de menos.
- Seria o seu caso?
- Huahuahuahu. Nem de perto.
- Qual é o seu caso então? Quem é Kate? Por enquanto só falamos sobre pessoas e comportamentos, agora quero falar sobre você.
- Não quero falar sobre mim.
Kate reagiu de maneira estranha a abordagem de sebastian, virou o rosto e ficou olhando para o infinito como se tivesse tentando expulsar alguma quimera que naquele momento estava dentro de sua mente.
- Sabe Sebastian, é tão difícil você falar sobre si mesmo, todos gostamos de tantas coisas, queremos tudo ao mesmo tempo em que não sabemos o que realmente queremos, ficamos felizes com algo que conquistamos hoje porem amanhã se torna algo descartável, sofremos se não temos algo mas quando temos não damos valor.
- Isso é ser humano Kate, achamos que sabemos quem somos, mas nossos espelhos mentem muito bem para nós, e ninguém fala como você realmente é, estamos preocupados demais com nossos prazeres e nossas vidas para falarmos sobre outros, e quando falamos apontamos os defeitos e falhas e nunca as qualidades.
- Esse auto conhecimento que eu queria ter, saber ao menos o que eu não quero, ter coragem de encarar o mundo após descobrir isso, hoje eu sou Maria, amanhã sou Madalena, já tive dias de Amélia e outras de Joana D’arc, mas raramente tive dias de Kate.
- Todos os dias são dias de Kate, você é única, só você viveu sua vida e só você sabe o que se passa em sua cabeça, ninguém pode ser feliz por você.
- O problema é esse, o que é ser feliz? Tantas coisas me fazem feliz, e cada dia que passa minha idéia sobre o que eu quero muda, tem dias que quero todos e tudo, tem dias que não quero nenhum, a tarde penso que a única coisa que me faria feliz é logo aquela que não tenho, mas sei que se tivesse em pouco tempo enjoaria.
- É o problema do desejo, desejamos demais, buscamos demais, treinados para consumir, e o pior, gostamos disso.
- Vou te falar o que chamou a minha atenção em você.
- Já sei, é porque sou bonito.
- Idiota. Estou falando sério.
- Eu também!
- Kate riu, aquele sorriso simples de uma piada qualquer contada por alguém que gostamos.
- Você parece livre. Solitariamente livre.
- Todo homem é livre, no entanto, deixa tornar-se escravo, parafraseando Sartre. Somos escravos de muitas coisas, escravos da imagem, escravos de nossos medos, de frustrações, de angustias. Somos covardes incapazes de lutar e acabamos cedendo, vamos com a corrente por comodismo, sempre sabemos que estamos indo com a corrente, apesar da grande maioria se enganar, e Kate, nada é pior do que se enganar.
É mais fácil aceitar a opinião unânime, crer naquilo que nos é dito desde que somos pequenos, aceitar os valores que a sociedade nos impõe, tudo isso somado a masturbação dos egos da massa, o maior feito do mundo não seria mérito algum se não existissem pessoas que não o fizeram, por isso buscamos a massa, nela encontramos valores pré-estabelecidos aos quais somente temos que nos adaptar.
Kate ficou em silencio um tempo, Sebastian percebera que tinha falado demais, descarregou sem piedade sua metralhadora verbal em cima de Kate, sem ao menos saber como estava o estado de espírito dela, resolveu mudar de assunto, musicas, filmes, lugares, coisas que gostavam de fazer, amores que vieram e foram, com a bebida o toque serio da conversa logo foi dando espaço para algo mais próximo a um certo encanto.
- Tenho que ir Sebastian, estamos aqui falando e falando a horas.
- Tem algum compromisso?
- Nenhum, só quero mudar de cenário, ir para casa e comer algo, tomar um banho.
- Acho que vou para o hotel também. Vai sair a noite?
- Até sairia, mas nada muito hard, quero algo mais suave, hoje não sou a mesma de ontem.
- Eterna mudança, sempre inconstante. Tem um certo charme nisso.
- Eu sou puro charme Sebastian. Me ligue mais tarde, tratamos algo.
Ligarei.
Ambos se despediram, Kate levantou-se, arrumou a roupa e o cachecol, deu mais um sorriso para Sebastian e foi descendo em direção a rua. Ele ficou mais um tempo sentado observando Kate sumir entre a multidão que ali passava. Levantou-se e foi pagar a conta, ao sair acendeu um cigarro e foi tomando seu caminho também, o interesse era evidente, tanto físico quanto subjetivamente, sorriu para si mesmo sabendo que o destino estava prestes a pregar uma peça nele, conhecia o tipo de Kate, mas mesmo assim não iria recuar, o tipo de Kate era a droga que ele mais gostava de usar.

continua...

sábado, 2 de julho de 2011

Take me out tonight

Vivemos em tempos nojentos, tudo está estagnado, comemos bem, bebemos bem, temos sexo fácil com vários parceiros(as) diferentes sem nenhum compromisso, nossa grande maioria é sustentada e vive com os pais, nos achamos cultos por ler resenhas e resumos de artistas vanguardistas no wikipédia, fodemos nossos irmãos e amigos visando nosso prazer próprio, e ainda temos a cara de pau de criticar políticos, governantes, formas de governo, falamos que o capitalismo é isso e aquilo porem somos a classe mais consumista, falamos de moral e ética sem ao menos saber o que são, criticamos tudo e todos, nos sentimos mal e para baixo ao ver que a grama do vizinho está mais verde que a nossa, não lutamos de verdade e mesmo assim vivemos bem, estamos bem, enquanto pessoas passam fome, sede e frio aqui mesmo em nossa cidade. Com toda certeza somos a geração do futuro, a geração hipócrita, falsa, superficial do futuro, mas do que isso importa? O nosso já está salvo mesmo, vamos beber e foder muito porque hoje é sábado, vamos financiar o trafico, a prostituição, a promiscuidade, e todas essas coisas boas que a vida tem a nos oferecer, afinal somos jovens e temos que aproveitar nossas vidas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Será?

Fala-se muito sobre plágio, como se os primeiros a usar algo na arte fossem os únicos a terem direito de usar tal coisa, pessoas assim não sabem o que é influencia ou acham que tais gênios antigos, os dinossauros de cada especifica arte, foram os únicos que amaram ou que gostaram da dança, ou de usar campos simples nas musicas, originalidade é algo raro e genial, mas todos tem o direito de demonstrar seus sentimentos, desde que sejam verdadeiros, opinião minha claro, inclusive os não artistas, fazendo das artes dos gênios a sua própria arte, ou trocando em miúdos, faço meus os seus sentimentos.