sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Caos


destruição, caos, destruição, caos

caos, destruição, caos, destruição

para se criar algo novo devemos destruir algo antigo.

Tudo tende ao caos, tudo tente ao CAOS.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Um copo vazio.


- Aceita mais um drink senhor?
Ele olhou para o bar man um rapaz de aparência jovem, físico de quem pratica academia ou algum esporte, barba por fazer, aparentava ter uns 25 anos no máximo.
- Você tem esperança meu amigo?
- Desculpe senhor, não entendi a pergunta. Perguntou se tenho esperança ou se tenho algum drink com nome de esperança?
- Esquece amigo, pode me trazer mais uma cerveja.
O garçom sem entender muito foi buscar outra cerveja, não se assustou com a pergunta do homem, trabalhava a tanto tempo como bar man que estava acostumado com as mais inusitadas situações. O homem então, até agora desconhecido para o garçon, para você que lê e para mim que tento de uma maneira pouco dotada descrever tal situação, peço-lhe desculpa pela minha intromissão prometo que foi primeira e única. Voltando então ao homem, estava sentado ao lado do balcão, vestia um terno velho por cima de uma camiseta branca sem estampa alguma, dessas extremamente baratas, um jeans escuro quase em tom desbotado, calçava sapatos não muito velhos nem muito novos, na realidade era mais um homem qualquer dentro do bar, todos os homens ou mulheres são apenas mais um qualquer dentro de um bar, isso na visão do bar man, e me arrisco a dizer na visão de quem está lá também. Do seu lugar ele encarava a prateleira repleta por garrafas de bebidas de todas as cores, formatos e nomes estrangeiros, algumas ele reconhecia, algumas ele já experimentara e outras ele apenas reconhecia o nome russo, alemão, inglês. Atrás do balcão tinha uma geladeira daquelas antigas, que vinham com uma espécie de alavanca na porta usada para abri-la, a porta era repleta de adesivos de bandas, rádios, lojas, marcas, mal dava para saber a cor dela, ao lado da geladeira tinha uma espécie de janela que ligava até a cozinha, de vez em outra as cozinheiras passavam de um lado para o outro. Era um bar bacana e tinha a cerveja barata, na realidade sem companhia qualquer bar se torna bacana desde que tenha cerveja barata, mas aquele em especial tinha cerveja barata e tocava musica agradável, então nosso homem desconhecido se sentia menos solitário sentado na beirada do balcão.
- Aqui está sua cerveja senhor.
- Obrigado, se não for muito pode me arrumar um cinzeiro?
- Claro senhor, um minutinho.
O homem desconhecido então retira de seu bolso uma carteira de cigarros um pouco amassada nas beiradas, abre e puxa um com a boca, deixa a carteira em cima do balcão e acende o cigarro com os fósforos que acabara de retirar do outro bolso do palito. Fica então fitando o garçom indo e voltando depois com o cinzeiro em mãos.
- Aqui está senhor.
- Obrigado.
Por um momento ele sentiu intensa vontade de conversar com o garçom, sobre qualquer coisa, musica, livros, filmes, mulheres, amores, vida, mas manteve-se calado, há tempos não puxava conversa com ninguém, há tempos não sabia o que era ter uma conversa espontânea, encontrar sua mente em outro corpo, então desiste da ideia dando mais uma tragada no seu cigarro. A sensação de relaxamento que o tabaco proporciona começou a fazer efeito, ele se acalmou e começa a prestar atenção na musica tocando, era Chico Buarque, nada mais digno para um meio de noite de uma terça-feira qualquer. Logo o homem desconhecido começou a olhar para os lados, à procura de um rosto conhecido, algo difícil de acontecer posto que não tinha muitos amigos na cidade, pensando bem teve poucos amigos na vida. Avista dois amigos jogando sinuca, ambos jovens com jeito de universitários, sorrisos atoa, cabelos curtos e toda jovialidade disponível para aqueles que a vida foi mãe e não madrasta, nos sofás de canto um grupo de pessoas conversando e rindo bem alto, pareciam ser amigos há anos, então ele se lembra que já teve um grupo assim a muito tempo atrás, aquela nostalgia rápida arranca um pequeno sorriso, sorriso que dura pouco tempo, e nas mesas de centro uma garota sentada sozinha, cabelos bem pretos e lisos que reflectiam um pouco da luz do local, pouca maquiagem, pele extremamente branca, digna de pessoas noturnas, boêmias, estava fumando também, estava fumando de uma maneira extremamente elegante, tinha o cigarro em mãos e o cotovelo apoiado sobre a mesa, com a outra mão mexia no celular, deveria estar esperando por alguém, pelo namorado, affair, encontro, amigos. Ela então, ao perceber que ele a fitava com os olhos escondidos atrás de um par de óculos que pela aparência eram de grau bem elevado, direcciona-lhe um meio sorriso que misturava uma expressão de decepção com um olhar de "eu já esperava". O então homem desconhecido sente uma imensa vontade de se aproximar da garota, que aparentava ser uma garota bem interessante além de ser bonita, sabia que aquele sorriso era um sinal verde para uma possível aproximação, não era nenhum dom Juan mas conhecia alguns sinais femininos. Nunca foi lindo e nem atraente, mas teve alguns casos, sabia que era interessante e que tinha um bom papo, para certo tipo de mulheres, que na sua juventude costumava chama-lo de publico alvo. E aquela garota ali sentada aparentemente se encaixava nas qualidades que tais garotas tinham, se fosse conversar com ela no mínino teriam uma noite descontraída, com assuntos interessantes, risadas, coisas em comum, iriam criticar algum escritor famoso e falar mal do diretor aclamado na midia por fazer filmes com cenários psicodelicos, cantariam trechos de alguma musica do Chico ou Los Hermanos, trocariam emails então iriam embora encantados um pelo outro. Ele chegaria em casa e iria direto para o computar adiciona-la no MSN, logo que sua janela subisse ele colocaria a sua melhor foto na janelinha, ouviria alguma coisa que ela citou que gostava, os assuntos teriam um recomeço, agora cada um no seu pequeno mundo, ela mandaria uma musica para ele, ele mandaria um video para ela, ela colaria trechos de seus autores preferidos para ele ler, ele comentário sobre seus filmes preferidos, ela iria oferecer chá, café ou suco para ele via MSN, ele iria contar que sabe se virar bem na cozinha, ela iria se auto convidar para experimentar, ele convidaria ela para jantar no apartamento dele, ela iria dar uma gargalhada na frente do computador ao ler o convite, ele iria rir sozinho ao ver que ela aceitou, ela comentaria que estava quase amanhecendo e tinha que dormir, ele estava morrendo de sono na frente do PC mas era cortes e não dormiria antes dela, ela diria tchau e desejaria bom resto de noite, ele marcaria o dia do jantar, ela confirmaria, eles ficariam offline, ela iria ler o registo da conversa e passar o mouse em cima das partes "fofas", ele iria ler também para ver se não tinha cometido nenhum erro, eles dormiriam no mínimo encantados. Ele já tinha vivido aquilo algumas vezes, e gostava demais dessa parte, da descoberta. Mas também sabia que isso duraria dois, ou com muita sorte, três meses, depois viriam as primeiras brigas, os primeiros desentendimentos, brigas por coisas banais, a relação começaria a ficar gasta, ela começaria a trata-lo com aspereza, ele começaria a ficar mal humorado na presença dela, ela faria coisas para irrita-lo, ele começaria a ficar distante na presença dela, ela começaria a falar coisas que indirectamente o magoariam, ele começaria a trata-la com indiferença, ela iria se encantar por outro alguém, ele terminaria com ela, eles nunca mais se falariam, e ele voltaria a sentar ali, na mesma mesa de bar, fumando o mesmo cigarro amargo e bebendo a mesma cerveja barata. As coisas com ele sempre aconteciam da mesma maneira, talvez fosse ele, talvez a vida, ou Deus, ou ele fosse apenas um ser sem sorte.
Então após um momento ele para e da uma forte tragada no seu cigarro, ajeita seus óculos e retribui o sorriso para a garota. Vira-se para o balcão e chama o garçom.
- Sobre a esperança, esquece que pedi e me trás outro copo de solidão.

domingo, 26 de outubro de 2008

Domingo à noite tem cara de fim.


Um homem com uma dor


um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante

Paulo Leminski

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mad World


"Fico vivendo uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música o tempo todo."


Caio Fernando Abreu



Sem inspiração alguma para escrever, branco total. Queria escrever algo interessante, bonito, sentimental, com gosto de domingo à noite ouvindo Death Cab for Cutie mas não consigo, não tenho esse dom, mas Caio Fernando tinha, e demasiadamente! Me identifico demais com o que ele escreve, cada personagem, cada ato, cada sentimento, situação tudo! Parece que sou eu ali, que ele me descreve em seus contos, textos. Eu me sinto da mesma maneira como ele se sentia em relação a vida, sentimentos, detalhes, solidão, talvez tudo seja como na frase do Donnie Darko " algumas pessoas já nascem destinadas a tragédia, melancolia ". Tenho dias felizes, mas sempre no final de tudo me pego sozinho na frente do PC ouvindo Death Cab ou outra coisa qualquer com muitas notas tristes, assistindo a vida passar, e não é por falta de amor, que esse sobra em mim, quem sabe seja por excesso dele.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

doce amargo do meu ser


tendo desesperadamente escrever algo, tento passar para o papel o que se passa dentro de mim nesse momento, mas todas as palavras do mundo resolveram fugir da minha cabeça, foram embora para algum lugar muito distante, de-fi-ti-va-men-te me abandonaram, ou tudo isso que estou sentindo agora, esse gosto doce-amargo na boca, esse nó na garganta, esse desequilíbrio desejado, talvez tudo isso não tenha descrição, talvez o homem com todo seu vocabulário rico e variado, complexo e muitas vezes incompreendido, não tenha palavras para descrever tal sentimento. É uma vontade exagerada que se envolve com cada célula do corpo e cerca cada pensamento impossibilitando a mente de desviar sua atenção para outro assunto qualquer. Os olhos fechados vêem a imagem de tudo se concretizando, quando eles se cerram, a porta para a mente sonhar é aberta e o resto do corpo consegue metafisicamente encontrar o conforto e a paz no tão desejado paraíso utópico, que tem como alicerce esse sentimento indescritivel. Tal sentimento me consome demasiadamente, não consigo me livrar dele, e não o quero também, dele eu me vejo escravo, servo, dono, companheiro, vitima, amante, amigo, senhor. Mas apesar de ser tão forte, de ter armas desconhecidas e de usar estratégias infalíveis, ele não é completo, pelo contrário, penso eu que ele nasceu para ser incompleto, ato que faz com que ele esteja sempre à procura de sua outra parte, que de-fi-ni-ti-va-men-te é semelhante a ele em género, numero e grau, fazendo com que ele só se sinta em paz, confortável na presença de outro de mesmo tamanho e intensidade. Toda essa complexidade sentimental faz de seus portadores raros e únicos, solitários e fortes, tão fortes que têem a solidão como escolha, antes a solidão escolhida do que a presença indiferente, seus portadores tornam-se muralhas ultrapassáveis, e do topo dessas muralhas eles ficam a procura de seus iguais, a procura de alguém que saiba respeitar e entender o fato de ter nascido portador de tal sentimento. Alguns acabam desistindo da procura e ficam sentados no topo assistindo a vida passar, esperando até que alguém consiga escalá-la, outros lutam intensamente até encontrarem pelo menos um, e esse encontro é indescritível em palavras, tão indescritível quanto ao que sinto nesse momento. Existem pessoas que acreditam fielmente no ditado " os opostos se atraem ", mas também existe uma parcela minúscula que acha tudo isso balela, mentira para vender romances de segunda linha, que a paz desejada só é encontrada nos iguais, eu me vejo no segundo grupo, talvez porque isso que eu estou sentindo de alguma maneira pertence as pessoas desse grupo, e sei que minha paz, meu conforto, meu amor só nasce na presença de pessoas semelhantes, desde que descobri isso em mim, a minha escolha é apenas uma, se não for do meu mundo não quero, se não for igual prefiro a solidão, mas se for do meu mundo sempre faço de tudo para realmente valer a pena.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Te Juro!!! ( para ler ouvindo Damien Rice )


Então eu te pergunto, como foi que chagamos aqui? Você com sua memória forte, capaz de guardar os menores detalhes, você que sempre usou dessa arma fatal para me por contra parede, sempre me cobrando datas comemorativas, pequenas situações que vivemos em determinado lugar, horários. Você lembra do dia do MSN? Logo que nos conhecemos, te chamei para sair às 2:00 da manhã, você no começou achou loucura, mas acabou topando, acho que foi ai que me apaixonei, quando você disse sim para algo que eu esperava um não, foi ai que me apaixonei de verdade, porque encantado eu estava desde o dia que te conheci. Marcamos de nos encontrar perto do seu apartamento, na frente do antigo Lino's Bar, como eu morava mais longe, sai mais cedo, te juro que estava morrendo de alegria, parecia uma criança que tinha acabado de ganhar o presente que tanto sonhara, vesti uma calça, coloquei minha única camiseta limpa e não amassada, aquela branca do Death Cab For Cutie, que algum tempo depois você se apossou, por cima um moleton de lã cheirando a guardado e logo após meu terno preto. Cheguei no ponto de encontro alguns minutos adiantados, aquele tempo que fiquei ali te esperando foram os mais demorados de toda minha vida, era algo interminável, se tivesse levado meus cigarros teria fumado todos, um após o outro, ficava pensando sobre tudo, a roupa que você viria, sobre o que conversaríamos, se eu deveria falar mais do que ouvir ou vice versa, enfim, minha mente incansável só parou de trabalhar quando avistei você dobrando a esquina, encolhida de frio dando passos rápidos, na hora comecei a conferir a roupa que você estava, mania que você também tem, reparei que estava com um moleton preto desses que temos a anos, calça de ficar em casa aquelas totalmente mendigas mas as mais confortáveis, chinelo que não me lembro a cor e seus óculos de grau, que você mais tarde revelou que odiava usar, você estava completamente simples, como você mesmo sempre se auto denominava, estava largada, e isso me cativou demasiadamente, ver essa sua simplicidade nos momentos onde a futilidade é descartável, você era tão humana, tão meiga, tão amável, quando você chegou perto e me cumprimentou com um aceno de mão, mão que estava quase que inteira para dentro da manga da blusa, senti no meu estômago as famosas borboletas, minha barriga gelou, minha voz travou, fiquei completamente atônito, não sabia o que fazer mesmo, só sabia de uma coisa, que era com você que eu queria ficar aquele momento. Chegando no supermercado você foi logo puxando um daqueles carrinhos pequenos, primeiro o corredor de bolachas, depois pegou uma barra de chocolate e eu peguei a coca-cola, passamos no caixa de uma conhecida sua e você ficou alguns minutos conversando com ela sobre épocas onde eu nem imagina fazer parte da sua vida, peguei as sacolas e fomos comer nossas besteiras no banco da praça mais próxima, parecíamos duas crianças comendo chocolates, cheeps o seu de doritos e o meu baconzitos, e uma coca-cola ao lado. Ficamos ali horas e horas conversando, parecia que o assunto nunca iria acabar, começos com coisas em comum como Death Cab For Cutie e Filosofia, depois coisas do cotidiano de cada um, depois historias dos nossos últimos romances, era tanto assunto que o meu maxilar chegou a doer. Ficamos ali até amanhecer, eu todo preocupado perguntando se você queria ir embora, e você sempre respondendo que não, de maneira alguma, que estava gostando de tudo aquilo. Toda magica desse dia terminou com você encostada em mim quietinha e eu ali observando você com cara de sono, e o sol nascendo por trás das árvores, alguns caras indo embora depois da balada, algumas pessoas saindo para trabalho, e nós dois ali quietos, observando o ir e vir, depois de uma noite uma madrugada perfeita, foi nesse dia que eu vi que estava em suas mãos mesmo. No começo eu não sabia como agir, você era diferente de todas, era perfeita para mim, cada palavra, cada pensamento, a maneira como você se expressava, seu jeito todo fofo para certas coisas, e tão mulher decidida em outras, eu prestava atenção em tudo isso, te juro! Logo na primeira semana que começamos a sair para valer, lembro de uma conversa nossa, que se não me falha a memoria foi ali na Rui Barbosa, você disse que queria ir jogar comida para os pombos, e ali era cheio de pombos, e por ser sábado a tarde pouca gente passava por ali, fazendo com que os pombos ficassem mais tranquilos no chão, fui até o pipoqueiro que ficava ao lado do tubo e comprei dois saquinhos de pipoca, comi o meu assistindo você jogar o seu completamente inteiro para os pombos que naquele momento nos rodavam, juro que aquele momento ali foi de tamanho impacto para mim que não sei explicar, me senti naqueles filmes água com áçucar, te juro! Então você começou a falar, disse que eu estava se tornando muito especial para você, que se sentia segura e confortável comigo, e que eu estava sendo o primeiro cara que estava demonstrando interesse por você, ou pelo menos estava fingindo bem, juro que essa sua piadinha com verdade de fundo foi outro ponto que fez minha paixão aumentar, você ali sendo honesta comigo, demonstrando seus sentimentos e seu controle sobre eles, e se eu fosse um desses caras que não valoriza isso? Se fosse um desses caras que não está interessado em mente mais sim em carne? Mas de alguma maneira eu sei que você tinha certeza das minhas intenções, e de certa maneira você teve as rédeas da situação desde o começo, você sempre foi o lado forte da relação. Nesse dia, após toda sua franqueza, todas as cartas jogadas na mesa, depois do seu discurso a lá Simone de Beauvoir , depois de você ficar falando por mais de meia hora que tinha defeitos, que era ciumenta, que era burrenta, que era chorona, se desculpando por coisas que nem tinham acontecido, aquilo foi muito intenso dentro de mim, foi uma sensação de descoberta, de esperança, após ter desistido de procurar, você apareceu da maneira que eu sempre sonhei. Nas primeiras semanas ocorreu tudo perfeito, cada detalhe, aconteceu tudo certo, e o que não deu certo acabou numa das melhores noites, você lembra? Fiquei de te buscar na saída da faculdade às 22:30 hrs, depois passarmos no seu apartamento onde você iria se aprontar para irmos ao teatro para vermos a peça Os Malefícios do Tabaco, de Tchechov, eu nunca fui fã de teatro, mas você adorava demais. Lembro de chegarmos no seu apartamento, que ficava na rua acima da praça Osório, caminho que fiz muito aquela época, e você perceber que tinha perdido os ingressos que estavam na sua bolsa, você ficou muito puta da cara, me assustei pela primeira vez, você irritada falando palavras pesadas, ficou vermelha e com uma cara de total reprovação, como se tivesse feito todo um plano para aquela noite e tudo tivesse dado errado, sentou toda decepcionada no sofá, ai então te abracei dizendo calma, vamos fazer outra coisa, o importante é estarmos juntos, e naquele momento eu te juro, para mim era isso mesmo! Você concordou, foi tomar seu banho e eu fiquei ali na sala olhando suas coisas amontoadas na pequena estante, fotos com seus amigos, alguns eu já havia conhecido outros nunca tinha visto, seus cd's todos organizados, avistei três Belle and Sebastian, Ok Computer do Radiohead, todos do Coldplay e um Travis. Você tem ideia do impacto que isso fez em mim? Tinha livros, a maioria velhos com cara de sebo, sempre te achei com cara daquelas garotas que vivem em sebos, procurando livros e vinis, mesmo sem comprar nenhum, mas só pelo fato de toca-los, admira-los, senti-los. Não resisti e me desloquei até a varanda para acender um cigarro, ali em pé olhando pela janela um pedaço da noite curitibana, o clima frio e o céu sem nuvens, o ar gostoso que batia naquela hora da noite, fecho os olhos hoje e lembro daquela imagem. Você saiu do quarto, com uma blusa linda, listrada preta e branca, uma bolsa preta discreta e um rostinho mais animado, chegou brigando e me dando ordens, foi logo dizendo que não era contra eu fumar, desde que evitasse fumar ali dentro, meses depois conquistei um cinzeiro na sua sala, foi uma vitória que comemoro até hoje! Saímos pela noite curitibana sem destino, aquela sensação de noite frustrada estava se aproximando, quando você teve a ideia, que a começo parecia boba, de irmos a todos os lugares que achávamos mais bonitos na cidade, uma escolha de cada. Você começou escolhendo o prédio da UFPR no alto da XV de Novembro, começamos a andar em direção à XV, encontramos alguns bêbados, prostitutas horríveis, das quais fiz uma piada para tentar arrancar um sorriso seu, adorava arrancar seus sorrisos, eles eram como um elixir para mim, renovavam minhas energias completamente, por isso fazia o máximo de piadas com a intenção de vê-lo mais uma vez. Chegamos ao prédio da UFPR, você ficou em pé contemplando o prédio, um olhar muito distante, a curiosidade bateu na minha cabeça, te juro que fiquei curioso no que você estava pensando mas não perguntei nada. Então você me puxou pelo cachecol, adorei aquilo, e fomos sentar na escadaria semi iluminada, ali na escada fiquei horas ouvindo você falar do seu dia, das explicações dos seus professores, o que comeu no intervalo, essas coisas que casais recem formados fazem, usei o termo casal sim, nesse dia já éramos um casal. Depois fomos até o Muller, Museu do Olho, e praça do Japão, isso já estava quase amanhecendo, eu cansado e você puxando minha orelha por eu fumar. outro momento marcante para mim, quando você começou a se preocupar comigo, com coisas que eu fazia, as vezes elogiando e na maioria das vezes punindo. Se lembra bem desses dias, dessas emoções, da intensidade como tudo ocorreu? Sinto por tudo ter acabado, sabíamos que iria acabar, éramos românticos e perfeitos demais um para o outro, era algo surreal demais para existir, como eu sempre brincava com você. A separação foi difícil para os dois, lembro das recaídas, dos telefonemas na madrugada, dos emails, dos scraps com carinhas ou frases curtas com certo ar de saudade, lembro de tudo! Mas fomos fortes e seguimos em frente, ainda não sei como chegamos aqui, te juro! Por isso venho te perguntar, como chegamos aqui? Já aceitei o fato de não ter você para mim, depois de ter sofrido muito, sofrer por amor é tão poético, tão romântico, sofrer por amor verdadeiro, admirável, adulto, amor intenso, indiferente se é de pouco tempo ou não, é tão bom sofrer por esse tipo de amor, não concorda?. Tudo mudou, nossas vidas, as pessoas que nos rodeiam, você está super bem, mais linda que nunca, eu também não estou nas minhas piores fases, mas sempre bate a nostalgia, as lembranças voltam, e vejo que como você foi marcante na minha vida, e serei presunçoso a dizer isso, mas creio que você sente o mesmo por mim. Vou me despedir por aqui, já lembrei demais por hoje, enfim, se souber a resposta da minha pergunta um dia me responda, ficarei feliz em saber, mesmo sabendo que hoje não fará diferença alguma saber ou não, visto que tudo acabou e a página viramos. Mas não minto, ainda tenho todas as coisas que você me deu, bem guardadas.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Letter To Elise


Tem tanta coisa que você precisa ouvir saindo da minha boca, um jogo gigantesco de palavras que juntas irão formar frases que seus ouvidos devem ouvir, só assim minha alma descansará em paz, só assim darei sossego a minha mente muitas vezes insana! Não é nada ofensivo te prometo, são palavras que só terão vida quando saírem da minha boca e entrarem pelos seus ouvidos, logo após isso, após o nascimento delas, sinto que estarei livre, minha mente estará livre e meu coração, hora baqueado hora superlotado, voltará a ser como sempre foi, nulo e observador. Talvez elas não cheguem a fazer sentido algum à você, mas desde já peço perdão pelo meu ato egoísta, mas o nascimento delas diz respeito unicamente à mim. Não me vejo preso, posto que sou livre, mas me vejo no dever de tal ato para comigo, e posso ficar devendo favores a muitos, mas me recuso a dever favor à mim mesmo, então me devo, e você irá ajudar-me a pagar tal favor, posto que me ouvirá, nessa ou em outra existência, mas me ouvirá. Se não entender nada do nascimento de tais palavras, não me pergunte o significado delas, só sei que elas devem existir, como uma mulher perto dos 40 que nunca teve um filho se quer, me vejo na obrigação de dar vida a elas logo, é como um dever hoje, um sentimento que morreu e se transformou em dever para comigo. Então um dia, nesses encontros casuais você me ouvirá, ficará ouvindo calada, talvez me entenda, talvez me odeie, talvez me bata, talvez me ignore ou talvez me ame. Mas me ouvirá, tenho certeza disso, posto que dentro de você ainda existe uma parte que deseja ouvir o que tenho à dizer, não sei qual a intenção dessa parte que você insisti em manter adormecida, mas sei que ela está ai preparada para ouvir a qualquer momento, logo que essa força que rege o mundo, que muitos chamam de Deus, destino, vida, nos conceda uma oportunidade.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Egg


Do lado de dentro é bem mais confortável.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Companheira.


Hoje a solidão insiste em ser mais forte, já usei de todas as armas que tinha em mãos para tentar repeli-la, mas nenhuma das minhas armas hoje é capaz de vence-la. Acendo mais um cigarro e tento inutilmente distrair-me, tento em vão encontrar uma musica que consiga por cinco minutos fazer com que minha mente se distraia. Penso quando foi que me tornei assim vitima da solidão, puxo em minha mente todo filme da minha singela vida, todos os acontecimentos que me levaram a ser como sou hoje, e não consigo achar o instante exato que ela com seu beijo gelado me conquistou, talvez ela tenha nascido comigo, talvez seja obra do destino, destino que outrora eu nunca dei credito ou crença, destino que para mim sempre foi uma palavra subjetiva demais para meu mundo, hoje começo a acreditar que talvez ele exista, antes crer na existência do destino do que viver com a certeza de uma existência sem sorte alguma. Em dias de força consigo conviver com ela sem condena-la ou julga-la, tais dias chego a ver ela como amiga e professora, mas dias como hoje quando a minha mente cede suas forças para a emoção, ela é mais vilã que amiga, vilã cruel e sem piedade, que machuca sem receio algum. Já procurei varias maneiras para suporta-la nesses dias, mas tudo que tento ou tentei acaba sendo em vão, ela termina sempre vencendo e sorrindo para mim, demonstrando em seu olhar distante e misterioso que nesses dias ela é mais forte que eu. Então me resta apenas a esperança de que nem todos os dias serão assim, que dias melhores virão, que esse gosto amargo que minha boca tanto rejeita é passageiro, que terei dias onde ela não será minha única amante, é na esperança de dias assim que penso direcciono meus pensamentos, para não enlouquecer ou surtar.

domingo, 5 de outubro de 2008

"Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra é bobagem...
Você não só não esquece a outra pessoa como ainda pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável..."
M. Quintana

sábado, 4 de outubro de 2008

Sem titulo (04:12am)


Cansado de hipocrisia, de falsa companhia
falsos sorrisos e atitudes forçadas
deslizando pela monotonia não desejada
decepção com a imagem deles(as)
que minha mente mal educada, insiste em criar
o desejo de sumir e desaparecer bate a todo momento
vontade de sentir com alguém, alguém com alma
que não seja só imagem, e atitudes mal elaboradas
ver as pessoas se destruindo, mesmo antes de se construírem
fazendo coisas sem ao menos sentirem
serem levadas pelo medo ou necessidade
sendo controladas pela sua mente covarde.
Tenho tanto amor em mim, mas vivo sozinho
ironia do destino, que insiste em comigo andar
não é falta de amor que me machuca, é falta de quem amar
mas quanto mais alto voamos, mais difícil fica de alguém encontrar
e todo amor vai se acumulando, se alojando
e em outras direções sou obrigado a canaliza-lo,
para que seu excesso não destrua minha mente,
e meu coração, com todo esse acumulado
insiste em procurar aquela que um dia
terá o direito de manipula-lo.
Ela que virá pura e ingênua, simples e serena
com conteúdo e atitude, personalidade e paixão
que se alimenta de musica e respira paixão
descontente com o mundo ao seu redor, irá em mim encontrar
um lugar para fugir, para se encontrar
nela encontrarei meu porto seguro, para meu barco ancorar
e juntos seremos um ser, que na realidade somos desde já
mesmo antes de nos encontrar.
Mas esse dia que insiste em não vir,
que tenho medo de nunca chegar a existir
é da esperança dele, que tiro forças vitais
para mais uma noite de insonia e pensamentos ilusórios
eu possa suportar.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008


Conversas sinceras, inteligentes, com conteúdo e graça, humor e seriedade. Muita musica e sentimento, um feeling raro nos dias atuais, sorte saber que ainda existem pessoas assim, e coisas desse tipo com toda certeza despertam interesse e a esperança. Como dizia o filosofo, o homem só será feliz na presença dos seus iguais.

PS: quem se contenta com merda não passa de um porco(a).

Para os fortes de espírito boa sorte e Votem 12.