terça-feira, 19 de julho de 2011

O apartamento Parte 3


O clima da noite estava frio, tinham tratado de se encontrar na frente de um bar pirata com o nome de Perola Negra, Sebastian gostava daquele bar e principalmente da beleza exótica das atendentes dali, algo que não tinha mencionado a Kate quando sugeriu o local. Kate chegou mais cedo dessa vez, usava um vestido preto e um casaco por cima da mesma cor, estava vestida para matar, para destruir, para o prazer, para dar, estava linda como sempre, a cada novo encontro deles Sebastian conhecia uma nova Kate, desde a forma como se vestia a maneira de pensar.
- Agora eu peço desculpa pelo meu atraso.
- Tudo bem, vamos entrar, está frio aqui fora.
- Sim.
Kate jogou o toco do cigarro no chão e o apagou lentamente fazendo movimentos circulares apenas com a ponta do sapato, abriu sua bolsa e pegou a identidade, ele logo retirou a dele da carteira e ambos entregaram ao segurança que estava na porta. O bar era pequeno, tinha dois andares, uma parte superior com mesas de madeira e paredes decoradas com quadros e uma bandeira de pirata logo acima da escada que ligava os dois andares, na parte inferior apenas algumas cadeiras e o balcão. Dirigiram-se até a parte superior e escolheram uma mesa no canto próximo a janela, logo a garota que atende veio até eles.
- O que irão querer?
- Uma vodca com limão para mim – disse Kate.
- Eu quero uma cerveja – pediu Sebastian.
A atendente era sensual, pele branca, olhos claros e estava vestindo uma blusinha preta bem decotada e tinha os braços cobertos por tatuagens, Sebastian não disfarçou ao olhar o decote da garota, logo que ela saiu Kate fez um comentário.
- Pelo menos disfarce na minha frente- disse Kate -,pensei que ia pular nos peitos da menina.
- Não é nada disso que está pensando, acho que a reconheço de algum lugar.
- Deve ser de algum dos seus sonhos eróticos.
- Talvez seja.
Beberam algumas ali, Kate falou sobre seus estudos para ele, sobre a recente separação dos seus pais e como estava lidando com essa situação, reclamou que sua mãe tinha começado a ter crises nervosas e que ligava para ela todas as noites na maioria das vezes chorando.
- Não sei o que faço, sinto tanta pena da minha mãe, sou filha única e agora que eles se separaram a única companhia dela é a empregada durante o dia, pensei em trancar a faculdade e voltar a morar com ela pelo menos por enquanto.
- O que ela disse sobre isso?
- Foi contra claro, disse que tenho que priorizar minha vida, que ela está bem e tal, mas consigo perceber na voz dela o quanto ela precisa de mim, precisa de alguém.
Sebastian percebeu no olhar de Kate a tristeza que ele conhecera muito bem.
- Acho que ela está certa, você tem que seguir com sua vida, seus ideais, deixe que ela supere essa fase sozinha.
- E se ela não conseguir?
- Irá conseguir sim, todos conseguem sempre.
- Me acho tão egoísta saindo e me divertindo aqui enquanto ela fica em casa sozinha se enfiando em remédios enquanto o cachorro do meu pai fica gastando a grana dele com ninfetas vadias.
Agora Sebastian começava a perceber de onde vinha toda a coragem e independência de Kate, com toda certeza ela não queria ser como a mãe, uma mulher submissa ao marido, que engolia a seco toda a cafajestice do homem, que lavava as camisas sujas de batom e cheirando a perfume de outras mulheres, na maioria das vezes prostitutas baratas de bares fedorentos, não queria ser uma boa esposa como sua mãe foi, sua mãe teve a vida que ela temia ter, escrava, presa, sem personalidade alguma ou sonho, uma mulher de uma rola só a vida toda, mulher que tinha esquecido quando foi a ultima vez que tinha se sentido viva de verdade. Kate era mais que isso, era independente, livre de homens e de pessoas, egoísta no prazer, nasceu para ser bruxa e não princesa, nasceu para usar vestidos pretos e batons vermelhos ao invés de aventais de cozinha e bob nos cabelos. Kate era o que ele costumava chamar de Cherry Bomb.
O bar começou a esvaziar, todos começaram a se dirigir para as baladas, ali era apenas um bar de “esquenta”, logo ele perguntou a ela.
- E agora, me disse a tarde que queria algo mais leve, esse bar logo irá fechar.
- Sim, podemos dar uma caminhada, compramos algumas cervejas no caminho, dar um tempo no meu AP, moro aqui perto, da para ir a pé.
Sem pensar duas vezes ele aceitou o convite dela, queria conhecer o canto de Kate, o lugar que ela chamava de lar, as paredes que faziam parte de seu castelo. Kate se levantou e pegou sua bolsa enquanto Sebastian terminava o copo de cerveja, logo ao saírem ambos acenderam um cigarro e começaram a caminhar em direção a casa dela.
A noite estava movimentada, vários jovens andando para cima e para baixo gritando e bebendo, carros passando e vozes e mais vozes, o prazer é o combustível que move o mundo, pensou Sebastian. Na metade do caminho compraram cervejas em um mercado próximo a uma praça, duas quadras dali ficava o prédio onde ela morava, um prédio pequeno de três andares com arquitetura antiga, ao chegarem na frente ela logo foi retirando as chaves da bolsa enquanto ele segurava a sacola com as cervejas. Subiram às escadas, cada andar tinha apenas dois apartamentos, ela morava no segundo andar no apartamento da direita de numero 04, abriu a porta e o convidou para entrar. Era um apartamento pequeno, uma sala com uma estante , nela tinha uma TV, alguns livros misturados porta retratos, uma pequena estatueta de um gato, enfeites, também na sala tinha um sofá de couro preto de três lugares e uma mesinha no canto com duas cadeiras, sobre a mesinha cadernos e livros abertos, a parede era de pintada de laranja, um pouco gasta pelo tempo, tinha um quadro pendurado próximo a mesinha, era uma cena de um filme famoso, dois caras de terno e gravata apontando armas na mesma direção. Também tinha uma pequena cozinha, o banheiro e o seu quarto, o quarto estava com a porta entre aberta, e nela estava pendurada uma placa de warning.
- Sente-se, vou colocar uma musica, quer ouvir algo em especial?
- Você é a anfitriã, fica ao seu critério.
Kate entrou no quarto e algum tempo depois retornou sem o casaco e segurando um pequeno tocador de cd’s nas mãos.
- Normalmente o deixo no quarto, gosto de ouvir musica antes de dormir.
- Não escuta no computador como pessoas normais fazem?
- O meu é um notebook e é muito baixo, gravo cd’s de mp3 e ouço nesse aqui.
A primeira musica a tocar foi The Modern Age do Strokes, guitarras sujas e o vocal de bêbado do Casablanca animaram bastante o ambiente. Latas de cervejas vazias logo começaram a se amontoar próximo ao sofá ao mesmo tempo em que o animo da conversa crescia, risos e mais risos, olhares e flertes, até que um baseado apareceu, fumaram junto até a ponta ficar do tamanho de um mosquito, Kate deu a ultima bola e jogou a baga em uma lata vazia, no radio tocava beatles sem parar, o silencio foi tomando conta do ambiente logo que o efeito do baseado foi tomando conta de ambos os corpos. Kate olhou para Sebastian e ele reconheceu o pedido, em segundos seus corpos começaram a se entrelaçar, um beijo demorado e quente surgiu, Kate enfiou a língua dentro da boca de Sebastian enquanto ele deslizava suas mãos pelo corpo quente e liso dela, beijou seu pescoço e sentiu a excitação de Kate que soltava suspiros baixos, sentiu o corpo dela arrepiar inteiramente, quanto mais ele via que ela se excitava mais ele a atacava, agarrava ela como um animal selvagem enquanto ela o apertava contra seu corpo, Sebastian foi logo abaixando o vestido de Kate e tocando seus seios brancos, que estavam durinhos de tezão, começou a chupa-los e a cada mordida leve que ele dava neles Kate soltava gemidos cada vez mais fortes, colocou sua mão entre as pernas dela e foi subindo e sentindo a maciez de suas coxas até chegar em sua vagina, que estava completamente úmida, esperando para ser chupada, para ser penetrada a noite toda. Fizeram sexo como nunca, Kate se entregou completamente ao desejo, ao prazer, treparam até a energia de ambos ser completamente esgotada.
Ficaram ali abraçados sem falar nada um bom tempo, musica por musica ia passando, um cigarro foi aceso e Kate quebrou a magia do silencio.
- Deve estar pensando que sou uma puta, te conheci ontem e hoje estou aqui dando para você.
- Na verdade estou pensando em como irei embora daqui a pouco.
- Seu idiota, estou falando sério.
- Eu também.
- Gosto dessas suas tiradas, quando falo algo sério e você vem com algo assim, sem nexo ou completamente imbecil.
- Sou assim, sem nexo e às vezes imbecil, e não acho que você seja uma puta.
- Que bom, porque não sou.
- Não devemos reprimir algo que temos vontade de fazer, se temos a oportunidade devemos fazer, penso assim.
- Mas muitas vezes queremos fazer algo e fazemos, mas depois nos arrependemos, ou é algo que achamos errado fazer e fica um peso na consciência, sei lá.
- Sabe o conceito de moral? Querer, poder e dever?
- Não.
- Tem coisas que queremos fazer mas não podemos, outras podemos mas não devemos e algumas que devemos mas não queremos, o correto é fazer as coisas que você pode, deve e quer. Fazendo isso com toda certeza você será feliz.
- Muitas decisões nossas podem acabar em algo egoísta, podemos ferir alguém, ou até mesmo usar pessoas.
- Ai vai dos teus valores, não acho correto usar alguém ou ferir pessoas para meu próprio prazer e beneficio, mas não nego que não sinta muita vontade de fazer em certas ocasiões, e que não ficaria feliz em ver algumas pessoas mal só por sadismo meu. Vai de você se controlar, se policiar.
- Você me assusta às vezes Sebastian, com esses comentários frios.
- É apenas ponto de vista.
- Gostei de você, me dói saber que provavelmente você irá embora e nunca mais nos veremos.
Sebastian ficou quieto e sem resposta, Kate esperou um tempo e quebrou mais uma vez o silencio.
- Dorme aqui hoje.
- Durmo.
- Então vamos para o quarto.
Foram dormir no quarto de Kate, mas antes transaram mais uma vez. Kate deitou no peito dele e adormeceu primeiro. Sebastian fumava enquanto admirava a beleza do corpo nu de Kate que estava colado ao seu.

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