quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Bella & Sebastian ( primeira parte )


19:30 hrs marca o relógio quadrado na parede, com pequenos peixes pintados que decoram seu interior, Sebastian começa a se aprontar para passar na casa de Bela, sempre saía de casa às 20:00hrs, mas nesse dia em especial sairia mais cedo, pois havia chegado um parque na cidade, e ele tinha prometido leva-la nele. Colocou seu jeans, camiseta da sua banda preferida e seu moleton meio descorado, que um dia foi de uma tonalidade preta, pegou sua carteira de cigarros, arrumou o cabelo e saiu de casa. Sempre fazia a mesma trajetoria, descia a rua da sua casa, passava na frente da oficina, onde encontrava um senhor com cara de cansado e olhar distante, sempre imagina como teria sido a vida dele, paixões, aventuras, amigos, momentos marcantes, se ele teria feito valer a pena ou apenas passou por ela sendo coadjuvante da própria vida, mais além tinha o mercadinho que um dia foi azul marinho, ficava bem na esquina e sempre nesse horário da noite haviam crianças brincando ali, e alguns adultos jogando conversa fora, sempre ouvia as mães gritando preocupadas " saia da rua, fique longe daí! ", preocupação materna que não tiveram com ele, então ele acahva aquilo estremamente diferente e bonito. Subindo a rua existia uma casa que ele admiriva, em formato de sobrado, com janelas no formato de persianas, era pintada em um tom salmão, na parte de baixo a garagem era uma porta de madeira que tinha "JY" entalhada em si, deveria ser as iniciais do casal de moradores, nunca tinha visto eles, sempre que passava por ali a casa estava fechada ou com apenas uma das janelas aberta, de fora dava para ver a luz de uma TV ligada. Odiava TV, mas se fosse ao lado de Bella ele não se importaria em passar o resto da vida assistindo TV, isso deve ser o significado do amor, ou pelo menos era o significado do que ele estava sentindo no momento. Virando a segunda esquerda após a casa salmão, e seguindo duas quadras retas, ficava a casa de Bella, uma casa bonita, bem conservada, com muros altos e um portão de ferro, sua cor era verde escuro tom pastel, na frente tinha uma caixa de correio onde ela tinha escrito " Bella & Sebastian " usando as chaves dele, no dia seguinte da escrita, contou que seu pai ficou bravo e disse que ia trocar a caixa, passaram quatro meses e a caixa ainda estava lá, com aquele coração todo riscado e dois nomes dentro, feitos com uma calegrafia torta. Quando chegou na casa de Bella, como de costume ele apertou a campanhia que ficava no lado esquedo do portão, daquele local dava ver a janela da sala, sempre após alguns minutos Bella puxava a cortina amarela e dava um sorriso e mostrava a mão em um gesto de " hey, já to saindo >.<". Então Bela apareceu e repetiu seu gesto que havia virado uma tradição entre eles, após alguns minutos ela abriu a porta e saiu. Ela era linda, um pouco mais baixa que ele, cabelos negros um pouco abaixo dos ombros, olhos que pareciam duas jabuticabas, olhos que sempre diziam tudo, um sorriso de meia boca que contorcia seu rosto e formava uma bochechinha linda, que quando ela estava com vergonha ou constrangida ficavam em um tom vermelho arroxado, ele adorava aquela expressão nela, e sempre fazia coisas para deixa-la daquela forma. Nessa noite em especial ela estava mais magnifica que de costume, usava uma calça jeans preta apertada, all star preto, uma blusinha branca com uma estampa de dois ursinhos se abraçando, e um moleton cinza por cima, moleton de ziper que estava aberto mas ela tinha posto a toca deixando os cabelos por cima dos ombros, estava linda no seu estilo largada de ser. Antes de sair pelo portão, o pai dela sempre aparecia na janela dando uma encara em Sebastian, com cara de bravo e de poucos amigos ele comprimentava Sebastian com um movimento da cabeça, Sebastian sempre sem jeito levanta a mão e dava um sorriso de lado, sentia que ele não aprovava muito o namoro dos dois, vários aspectos não faziam deles o casal perfeito, pelo menos aspectos que o pai dela levava em conta, após comprimentar Sebastian ele recomendava alguma coisa para Bela e desaparecia da janela, um dia Bella e Sebastian tiveram uma conversa séria sobre esse assunto, Bela disse que seu pai era muito protector e tinha planos para ela que envolviam outra cidade, outros afazeres, às vezes Sebastian sentia vontade de se afastar de Bela, para não comprometer o futuro promissor que o pai dela tanto sonhara, mas era algo que ainda ele guardava para si. Logo após a cerimonia de despedida, contando com Bella quase que chutando seu cachorro para ele ficar para dentro do portão, seguiram em em direção ao parque, era noite de primavera, mas o clima estava frio, Bella abraçou a cintura de Sebastian e ele colocou a mão direita sobre o ombro direito dela em um meio abraço, e com a mão esqueda ele ficou brincando com os dedinhos da mão esquerda dela, que estava em volta da sua cintura. Os assuntos então começaram a fluir, cada um descrevendo como tinha sido seu dia, os dias de Bella eram sempre cheios e animados, que ela passava quase meia hora para descrever todos os detalhes, enquanto os dias de Sebastian eram monótonos que com cinco minutos ele detalhava tudo, na verdade os dias de Sebastian só começavam a ser contados no momento que encontrava Bella, o resto do dia era para ele apenas o resto. Após os dois terminarem o relatório sobre os acontecimentos do dia, um silêncio veio, Sebastian começou a caminhar olhando para o infinito, Bella odiava aquilo nele, quando ele fechava o rosto e ficava distante com cara de pensativo, ela tinha medo dos pensamentos dele muitas vezes, medo por não saber o que ele estava pensando, e sempre que isso acontecia ela tentava trazer ele para perto dela, usava armas traiçoeiras que iam de beliscões à murrinhos em seu peito, sempre Sebastian produzia um som de dor, que para ela ressoava como alivio, e depois de algumas reclamações ele estava perto novamente. Bella estava muito excitada com o parque, adorava parques, em especial roda gigante e algodão doce, parecia uma criancinha fazendo planos que iam de ir na roda gigante mais de cinco vezes à comer algodão doce até não aguentar. Sebastian apenas encarou o rostinho feliz da garota, que naquele momento transmitiu um sentimento forte de algo ingênuo, da onde ele vinha a ingenuidade morria antes mesmo das pessoas nascerem, e quando ela transmitia essa sensação para ele, era como se a esperança de um mundo melhor e mais justo brotasse em seu peito, como se a bondade ainda existisse, e isso para ele não tinha preço, nada pagava a chama de esperança que ela tinha acendido nele, tocha que tinha se apagado a tanto tempo que ele nem lembrava como era tal sensação. De onde ele vinha sentimentos comuns eram egoismo, tristeza, rancor, sofrimento, solidão, trapaça, e quando ela entrou em seu mundo mostrando para ele coisas como ingenuidade, alegria, companherismo, confiança, esperança, no começo foi algo assustador se deparar com tais sentimentos que ele conhecia apenas através de livros e filmes. Até o atual momento ele não sabe o que ela viu nele, um cara comum, em uma vida comum, de um mundo sem esperança e futuro, apenas mais um cara normal com muitos sonhos e pouca realidade, talvés fosse isso que encantou ela, os sonhos que ele tinha, e fato dela ter encontrado coisas boas jogadas no lixo, um dia iria perguntar qual motivo exato, mas não agora. Passando pela segunda quadra e subindo na frente do Pet Shop estava o parque, de longe dava para o colorido dos brinquedos, na mesma hora ele encorou Bella e viu o reflexo das cores reluzirem no olhar dela, e foi aos poucos contemplando um sorriso de lado se formando, as bochechas se contraindo e avermelhando, eram duas contemplações ao mesmo tempo, ela contemplando o Parque e ele contemplando ela. Naquele exato momento o sentimento era idêntico nos dois, como se o tempo tivesse parado, passado e futuro não existissem, e somente aquilo ali fosse necessário para existência de ambos, um completava o outro, de uma forma inexplicável, e eles tinham total consciência disso. Enfim, chegaram na entrada do parque.

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